Dando continuidade aos trabalhos do Congresso Internacional da Carne, desta quarta-feira (26), o público acompanhou durante o período da tarde, o segundo painel do evento. O tema central, Gestão e organização da cadeia produtiva, levou aos participantes três palestras. Boi a pasto, um bom negócio para a Austrália, foi a primeira a ser discutida.
Peter Barnard, gerente geral de comércio e serviços de economia da MLA, da Austrália, destacou que, apesar das dificuldades enfrentadas na produção, a Austrália tem sido bem sucedida em seu mercado nacional. “As vendas nos mercados externos se tornaram mais valiosas nos últimos 150 anos”, avalia.
Ele destaca que, para os próximos 10 anos, o país espera que a produção a pasto seja melhor. “Os produtores estão otimistas em relação à visão geral da produção a pasto.” Ele destacou as tendências do mercado nos países desenvolvidos.
Para ele, a população busca, cada dia mais, se alimentar de produtos mais naturais. “A venda de produtos naturais estão presentes em muitos tipos de mercados. O consumidor está mais exigente. Desde a carne ao chocolate, ele exige produtos que não tenham conservantes”, diz.
De acordo com ele, a Austrália está aproveitando essa tendência para tirar vantagem no mercado. “É preciso criar um padrão de certificação para ter certeza que aquele gado passou a vida toda no pasto, se alimentando de forma natural.” Ele garante que, a carne precisa estar macia e nos padrões de qualidade. “Dessa maneira, melhoramos a demanda por produtos dessa área”, explica.
Outro fator determinante para Barnard é sanidade do rebanho. Na Austrália, segundo ele, é mais aconselhável gastar dinheiro prevenindo doenças ou exterminando as que já existem, do que complicar o setor com a disseminação de alguma doença. “Calcula-se que, hoje, gastamos US$ 1 bilhão do setor para a prevenção ou controle de alguma doença. Caso não façamos esse acompanhamento, a agropecuária australiana pode ter um custo de US$ 16 bilhões, o que seria muito oneroso para o setor”, garante.
O consultor internacional, Francisco Vila, debateu sobre O caminho do boi: A revolução na pecuária. Para ele, a produção da pecuária está inserida na realidade e terá que mudar conforme as mega-tendências. Vila destaca que a produção passou por uma revolução geográfica no mercado. “Quem manda na cadeia é o produtor. É ele que decide o que vai vender e como. Mas, em 2020, o consumidor é quem vai decidir o que quer, quanto quer, e em qual formato.” O consultor ressalta que isso se dá à diversificação do mercado, que apresenta ao consumidor os diferente tipos de produto.
Para ele, existe uma ascensão da classe C, em termos quantitativos e qualitativos, que posiciona o produtor entre a qualidade, regularidade e a certificação. “E tudo isso caminha para um preço acessível.” Outra revolução na pecuária é a tecnologia. Vila conta que a agropecuária demorou 150 anos para se modernizar. “Em 2020 o conhecimento que temos hoje, vai duplicar a cada tecnologia lançada. E nesse contexto, temos que saber qual tecnologia serve para nós.”
Richard Brown, diretor da empresa de consultoria Gira, da Inglaterra, levantou questões de Como o homem está na produção de carne bovina? Para ele, a visão de análise de mercado do Reino Unido está otimista. “A cadeia produtiva e analistas tem boas perspectivas para o mercado da carne.” Ele relata que as estatísticas na Inglaterra mostram que a produção é de bois jovens. “A produção está entre 14 a 18 meses de idade. O gado ganha dois quilos por dia, no período de 70 a 90 dias. Um ganho de qualidade que o mercado exige”, revela.
Em sua história como produtor, Browm relata que no início da produção teve diversas dificuldades. “Comecei na área em 1983, não tinha conhecimento e passei por momentos cruciais.” Ele salienta que para garantir uma boa produção, o produtor deve procurar o melhor mecanismo de preço. “Essa é a preocupação, um negócio atraente, onde seus filhos possam continuar na atividade.”
Fotos: Mendel Cortizo