Catherine Moraes
Ressaltando a importância das qualidades humanas e do empreendedorismo no desempenho profissional, o consultor técnico da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg), Arthur Toledo participou, nesta sexta-feira (07) do Seminário de Responsabilidade Técnica do Conselho Regional de Medicina Veterinária (CRMV). Palestrante, ele falou da crescente demanda mundial por alimentos, do aumento da produção e do papel de veterinários e zootecnistas nesta cadeia.
“A vida vai ficando mais complexa a cada dia e as ferramentas de trabalho também. Se nossa única ferramenta é o martelo, tudo vira prego. Precisamos de profissionais mais completos, o Brasil precisa disso. Uma universidade pública gasta, em média R$ 250 mil por veterinário formado. Não dá para fazer uma cesariana em uma vaca, por exemplo, me concentrando apenas nisso. Precisamos pensar em como ajudar o produtor, em discutir a vida em sociedade e, inclusive, em como ocupar cadeiras políticas”, ressaltou Arthur.
O consultor falou também da expectativa de crescimento da população para os próximos anos. Estudos mostram que, em 2048, a população mundial deve chegar a 9,3 bilhões de pessoas. Dessa forma o consumo de alimentos, consequentemente, aumenta de forma considerável. Da mesma forma, aumenta a demanda por profissionais, sejam eles zootecnistas, veterinários e engenheiros agrônomos.
"Nada é mais viável hoje que a piscicultura e nada é mais rentável que a pecuária tecnificada de leite. Sabem por que perdemos tantos produtores? Porque nós, profissionais, não estamos lá para ajuda-los. Eles precisam hoje de embasamento técnico mais que nunca para produzirem muito em um pequeno espaço de terra. Em 2013, um hectare de morango rendeu mais que 700 vacas de cria no quesito dinheiro. Faltam profissionais dispostos a ajudar e nós podemos muito”, afirmou.
Para Toledo, é preciso enxergar além das ciências tradicionais garantindo ao cliente final soluções rápidas, simples e baratas. “Quando somos interpelados, precisamos saber discutir política, cidadania. Isso é o que chamamos de competências transversais. No Brasil, 87% das demissões ocorrem por deficiências humanas e não técnicas. Nós somos os brasileiros bem sucedidos e o mercado está em busca de qualidade humana”, finalizou.
Participando de uma palestra de Arthur pela segunda vez, a veterinária Karine Brito, de 29 anos, afirma que a visão humanística do ser humano é o ponto mais positivo da conversa. “Precisamos ser mais humanos na profissão, seja ela qual for. Eu gosto muito disso no Arthur, da visão humana sobre nós e da influência disso nas relações de trabalho”, disse.