Descoberta pode abrir as portas para o desenvolvimento de manejos mais eficazes contra a doença, principal ameaça às lavouras de soja
Uma nova esperança surge na guerra contra a ferrugem da soja. É que um consórcio formado por 12 empresas públicas e privadas de vários países anunciou a conclusão do sequenciamento e da montagem do genoma de três diferentes amostras do fungo Phakopsora pachyrhizi, causador da doença. O passo é considerado fundamental para permitir que a comunidade científica encontre brechas para desenvolver manejos mais eficazes contra a ferrugem.
A nota técnica publicada pelas empresas que participaram da pesquisa (entre elas a Embrapa e a Universidade Federal de Viçosa, representando o Brasil), enaltece a descoberta diante da alta complexidade do genoma do patógeno, “capaz de adaptar às estratégias de controle, de modo que o número de soluções práticas para o controle da doença é limitado”. O documento destaca ainda que para “decifrar” o genoma foi preciso utilizar “um conjunto de tecnologias de sequenciamento de última geração”, que forneceram “leituras de fragmentos de DNA pequenos (Illumina) ou longos (PacBio)”, já que o uso apenas das “técnicas tradicionais de sequenciamento” esbarrava justamente no alto grau de complexidade do patógeno.
Conforme a nota, “o sequenciamento revelou que o genoma é extremamente rico em sequências repetitivas e DNA não codificante”, e que a missão daqui pra frente é “decifrar a biologia do fungo e entender, no nível molecular, a sua complexa interação com a soja”.
De acordo com bióloga Francismar Marcelino, pesquisadora que participou do estudo representando a Embrapa, “a conclusão do sequenciamento e montagem do genoma do fungo de uma maneira inovadora e aberta é uma ótima notícia para toda a comunidade científica. Isso ampliará o entendimento da adaptabilidade, evolução e diversidade genética do Phakopsora pachyrhizi, abrindo caminho para estratégias baseadas nesse conhecimento para o controle da ferrugem asiática na soja”, conclui.
Presente do Brasil desde 2001, quando foi identificada em uma lavoura de soja no Paraná, a ferrugem ainda tira o sono dos agricultores brasileiros. Severa, a doença pode causar perdas de até 90% da produção se não for controlada, segundo a Embrapa. A estimativa é de que a cada safra sejam gastos mais de US$ 2 bilhões para combatê-la aqui no Brasil.
Não à toa, a novidade repercutiu positivamente no campo e gerou expectativas. Com as “portas abertas” para a ciência desenvolver novas ferramentas/manejo de combate à ferrugem, a torcida é de que no futuro os custos da atividade possam ser reduzidos.
Fonte: Canal Rural
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