Oferecer alimentos saudáveis ao consumidor tem sido um ponto forte no Sudoeste de Goiás. Em Mineiros, a região vem se destacando na produção de hortaliças, fazendo a diferença, quando o assunto é qualidade e segurança alimentar. O resultado deste trabalho é fruto do programa Senar Mais, de Assistência Técnica e Gerencial (ATeG), oferecido pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural em Goiás (Senar Goiás), por meio do programa Senar Mais. Somente em Mineiros, são mais de 30 propriedades assistidas, na área de Horticultura, de produtores que se tornaram casos de sucesso na região. Com a ajuda do técnico agrícola e agrônomo, Luiz Leonardo Ferreira, o programa tem contribuído com o plantio diversificado de hortaliças, fazendo com que o produtor rural planeje sua produção durante todo ano.
O aumento da renda, por meio de práticas após colheita, produção com menor uso de agrodefensivos e adubos químicos, além da comercialização direta com o consumidor final são os diferencias desta assistência. “Quando comecei a desenvolver este trabalho me deparei apenas com o cultivo de hortaliças folhosas, como alface, cebolinha e coentro. Agora, começamos a plantar também tomate, brócolis e couve-flor. As produções são variadas. Em cada propriedade desenvolvemos culturas diferenciadas”, comenta Leonardo.
De acordo com o técnico do Senar Mais, para buscar um diferencial, em Mineiros, na área de Horticultura, foi necessário fazer um levantamento sobre a quantidade de hortas que estavam em atividade. A propriedade de José Sandoval Pereira, o famoso Zezinho, foi uma das contempladas com este trabalho. Há praticamente um ano o produtor rural recebe ATeG do programa Senar Mais. “Zezinho já possuía hortas, porém em estágio primário de tecnologia, no que diz respeito à produção de sementes de qualidade, preparo do solo, parte da adubação mineral e orgânica, além de cobertura, no período de chuva”, explica o técnico.
Segundo Leonardo, todas essas informações são importantes para intensificar a produção. “É impossível que o horticultor produza com qualidade, sem um telado de cobertura”, explica. Conforme elucida o técnico, os produtores rurais precisam de informações e recomendações sobre qual telado e gramatura utilizar. A parte de adubação, controle de pragas e plantas daninhas, e também patógenos transmitidos por insetos são pontos importantes a serem avaliados.
No início do programa, produtores rurais como Zezinho possuíam uma área menor, com culturas restritas, como alface, cebolinha e coentro. Com o suporte oferecido pelo Senar Mais, a tecnologia chegou de forma rápida, aumentando o nível de produtividade. “Nossa ideia é fazer com que produtores alcancem maior produtividade, com menor mão-de-obra. A irrigação, por exemplo, é um grande diferencial neste trabalho. Juntamente com os herbicidas, ela intensifica a produção”, sinaliza.
Resultados alcançados
No início da ATeG na propriedade do Zezinho, foram gastos com irrigação cerca de R$ 8,5 mil. São meio hectare de horta, com dois tipos de solo, o de chapadão e o patrolado, gradeado. Com o auxílio do programa Senar Mais, a propriedade de Zezinho obteve um balanço positivo deste trabalho. “Antes coletávamos cerca de R$ 7 mil por mês. Hoje, coletamos em média R$ 11 mil. Ter uma área de meio hectare e dela conseguir faturar tudo isso é um sucesso”, exclama o produtor rural.
Tudo aqui foi projetado, desenhado no papel, para em seguida ser executada. Juntamente com sua família, esposa e três filhos, Zezinho sabe o que plantar, onde investir. Ele também conhece o diferencial de seu produto, sabe aproveitar as oportunidades dentro daquilo que produz, como menores preços e qualidade de seus equipamentos. “Sei vender meu produto. Minhas hortaliças são comercializadas na principal feira de Mineiros, aos domingos e quartas-feiras. Além disso, atendo mais dez mercados neste município”, ressalta.
Planejar para plantar
Quem também comprova os resultados da ATeG do Senar Mais é produtor Edmar Carrijo dos Santos, também da região de Mineiros. É no terreno de 12 hectares que ele produz repolho, jiló, feijão vagem, abobrinha italiana, pepino, chuchu e experimentos de milhos irrigados por gotejamento. Sabendo que plantar custa caro e envolve riscos, devendo o produtor ficar atento a fatores como o clima, quantidade e qualidade da mão de obra, qualidade do solo, fator econômico, tecnologia aplicada na produção e outras mais, para que não haja dispêndio de recursos e prejuízos futuros, o programa Senar Mais trouxe um diferencial em seu plantio, que é o calendário agrícola, auxiliando Edmar a planejar sua produção, orientando-o sobre a época correta para o plantio, colheita, adubação e inúmeras outras informações.
Atualmente, ele comercializa seus vegetais nos mercados de Mineiros e tem a pretensão de produzir abóbora cabotiá e tomate. Todos os gastos são financiado pelos parceiros do programa. No caso de Edmar, para impulsionar sua produção ele teve que mudar a forma de irrigação, saindo da aspersão e indo para gotejamento.
Na produção de abobrinha, em que foi feita esta mudança, Edmar aumentou sua produtividade em dez vezes. Após receber a ATeG do Senar Mais a produção de pepino garantiu um incremento de 200%, se comparado com aquilo que ele produzia antes. “Somente com a abobrinha obtive um faturamento de R$ 20 mil. Posso dizer que aumentei minha produtividade em dez vezes. Tudo que produzo vendo. Hoje, muitos produtores aqui da região deixam de comprar do Ceasa, em Goiânia, para adquirirem de mim”, explica.
Empreendedorismo a todo vapor
Robson da Silva Santos, de 29 anos, também de Mineiros, é um dos produtores rurais atendidos pelo programa do Senar. Sua formação em ‘Técnico Agrícola’ auxilia bastante em seu negócio. Mas foi por meio do Senar Mais que ele enxergou a oportunidade de prosperar nos negócios. É no terreno arrendado, de um hectare, que ele produz alface, couve, cheiro-verde e rúcula, carros-chefes de seu comércio. Abobrinha, abóbora cabotiá, almeirão, chicória, acelga, brócolis e maxixe são também hortifrútis produzidos por ele.
Juntamente com sua esposa, responsável pela entrega das hortaliças, e mais três funcionários, é que Robson consegue atender demandas grandes, advindas de grandes frigoríficos, o BRF e Marfrig. Ele também vende o que produz em escolas, para produção dos alimentos para merendas escolares e em feiras de sua região. Com a ATeG do Senar Mais já chegou a faturar R$ 37 mil por mês. Em períodos considerados ruins, ele alcança lucros positivos, vendendo apenas para o Marfrig cerca de R$ 4 mil por mês e para o BRF, em torno de R$ 5 mil. Nas feiras, voltando o preço padrão de comercialização, o pacote de hortaliças é vendido pelo preço de R$ 2,5.
Por meio de um sistema de esponja, ele também investe em hidroponia, plantando mudas para consumo e venda. Cada muda é vendida por R$ 0,7 e em cada esponja plantam-se 30 unidades. A propriedade conta ainda com dois reservatórios de água, de 50 mil litros cada. Outro diferencial da propriedade é a tela em malha clarite. Ela permite amortecer os impactos das gotas de chuva, provocando um microclima favorável ao desenvolvimento dos vegetais. No tempo de inverno, este telado permite quebrar gotículas de água que cai sobre as hortaliças e tem também a função de proteger os vegetais de raios solares. “É difícil de produzir sem estas inovações, porque em Mineiros existem hortas pequenas que no verão começam a desaparecer”, comenta.
Texto: Juliana Barros
Foto: Fredox Carvalho