Nayara Pereira
A falta de chuvas nas principais regiões produtoras de milho safrinha em Goiás tem deixado muitos produtores em alerta. No cenário atual, há relatos de perdas consolidadas em cerca de 40% do potencial produtivo na região de Rio Verde, além da queda na produção, fator que também preocupa, uma vez que, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a estimativa de produção da safra 2016/2017 no município, seria de 25 milhões de sacas de milho, realidade essa que reduziu para 14 milhões. Preocupados com essa situação, representantes da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg), da Associação de Produtores de Soja de Goiás (Aprosoja-GO) e de Sindicatos Rurais (SRs) de cidades vizinhas se reuniram em Rio Verde, nesta quinta-feira (5), para tratar das perdas detectadas na região.
O presidente da Aprojosa, Bartolomeu Braz, destacou aos produtores presentes na reunião a realidade dos prejuízos causados pela seca. “Nos próximos dias de estiagem, os prejuízos vão se intensificar muito, com sério comprometimento da safra 2016/17, já que os produtores usam os recursos da safrinha para comprar insumos e investir na tecnologia do plantio seguinte. Hoje a segunda safra de milho é uma realidade, que faz parte da economia goiana e da renda dos agricultores de Rio Verde”, afirmou Bartolomeu, que também é vice-presidente institucional da Faeg.
Ao longo da reunião foi discutido a possibilidade do município decretar estado de emergência por conta da seca, uma vez que, segundo informações da Faeg, as prefeituras de Goiatuba, Paraúna, Silvânia, Ipameri, Uruaçu, Caldas Novas e outras regiões sinalizaram decretos também. “O Sindicato já solicitou a prefeitura para que faça o decreto de estado emergencial, visto que nossa produção não pode ser mais afetada”, apontou o vice-presidente do SR, Luciano Guimarães.
Segundo o presidente da Faeg, José Mário Schreiner, é importante que a administração pública abrace esta causa, já que a maioria da população pensa que campo e cidade trabalham separadamente. “A soja colhida se transforma em vários outros produtos. A falta de grãos afeta também a produção de suínos, bovinos e até mesmo combustível”, explicou. “Se nós avaliarmos o atual momento do país, a agropecuária representa 52% da exportação do país e 33% dos empregos”, continuou ele.
Para Schreiner, o momento é de alertar todas as bases para agirem rápido, movimentando os decretos de situação de emergência. “Os municípios que detectaram perdas na produção, devem procurar à Faeg com o decreto de estado de emergência, para que possamos encaminhar o documento a Defesa Civil, para que o Governo de Goiás possa tomar previdência urgentemente sobre essa situação”, bradou.
Consequências da estiagem
De acordo com a assessora jurídica da Federação, Rosirene Curado, a situação da seca concretiza como desastre ambiental e econômico, tendo em vista que o preço do milho sofrerá grandes oscilações, corre-se o risco de faltar alimento no mercado interno, além da perda em exportações. No entanto, disse ela, ao decretar-se estado de emergência, a prefeitura não tem contras. A administração pública consegue agir com mais rapidez em situações como esta, desburocratizando uma série de barreiras que existiriam em situação regular. “Nós, da Faeg, estamos à disposição para ajudar os produtores em quaisquer dúvidas em relação a esse processo”, informou.