Levantamento feito pela Federação da Agricultura lista 62 trechos que precisam de intervenções imediatas até que soluções definitivas sejam tomadas pelo governo estadual
Pelo menos 62 trechos de rodovias goianas estão com condições de tráfego prejudicadas por buracos e falta de pavimentação. Levantamento da Federação da Agricultura de Goiás (Faeg) mostra os pontos mais críticos e classifica cada trecho, além de apresentar as sugestões para garantia da trafegabilidade. A Agência Goiana de Infraestrutura (Goinfra) alega que as ações que podem ser executadas durante o período chuvoso estão sendo realizadas, mas que outras dependem da estiagem.
O produtor rural de Rio Verde George Fonseca Zaiden diz que costuma utilizar a GO-174, entre Rio Verde e Iporá, e a GO-221, entre Caiapônia e Jataí. "Essas estradas estão se degradando e isso é perigoso para quem trafega, especialmente neste período chuvoso, já que os buracos ficam camuflados." Ele diz que as vias são utilizadas por caminhões para transporte de grãos e que isso acaba tornando a viagem na região ainda mais arriscada. "A gente tem medo porque se um buraco desse desestabiliza um caminhão, o carro pequeno leva a pior", alerta.
Caminhoneiro há 15 anos, Carlos Augusto de Souza Morais diz que o que tem visto nas rodovias não é diferente dos outros anos. Ele trabalha no transporte de grãos na região sudoeste. "O problema maior são as vias não pavimentadas. Neste período chuvoso, tem vez que entramos com o caminhão em algumas vias e não sabemos se conseguiremos chegar ao destino. Se atolar, aí que fica pior." Ele conta que a empresa para qual trabalha tem recusado frete para algumas localidades por conta da situação das vias.
Coordenador técnico do Instituto para o Fortalecimento da Agropecuária de Goiás (Ifag), da Faeg, Alexandro Alves dos Santos é responsável pelo levantamento. Ele diz que, diferente de outros anos, desta vez os dados são atualizados em tempo real, com a participação de produtores, agropecuaristas e sindicatos rurais, além de qualquer pessoa que alimente o Rodopontes, aplicativo desenvolvido para reunir as informações sobre a malha viária goiana.
"Continuamos com o nosso levantamento tradicional, contando com as informações das pessoas que sempre fizeram parte da rede da Faeg, mas, com esse aplicativo, aumentamos as pessoas que contribuem, o que faz com que tenhamos mais proximidade com a realidade. Deixamos de fazer um levantamento para termos atualização quase que em tempo real, explica.
Santos diz que os 62 trechos que estão com situação considerada crítica foram reunidos em relatório entregue na primeira semana de março para a Goinfra. No documento há a apresentação das necessidades de cada via, como recapeamento, operação tapa-buraco, recuperação de trechos ou execução de ações de manutenção.
Dos 62 pontos listados no documento, apenas um deles, na GO-174, perto de Lagoa Santa, em trecho não pavimentado, foi considerado péssimo. Essa é a primeira vez que este local aparece no levantamento, que é feito todos os anos pela Faeg. Outros 36 trechos foram classificados como ruins, sendo grande parte deles de rodovias não pavimentadas. Entre elas está a GO-239, de Alto Paraíso ao trevo da GO-114. Neste caso, a Faeg pede manutenção imediata.
Outros trechos, como a GO-213, entre Morrinhos e Caldas Novas, ou a GO-237, entre Niquelândia e Muquém, são trechos pavimentados considerados ruins. No caso da GO-213, a necessidade é de manutenção. Já a GO-237, segundo o levantamento, necessidade de operação tapa-buracos e recuperação de trechos da pista.
O relatório ainda aponta 25 pontos como muito ruins, entre trechos pavimentados e não pavimentados na lista. Um deles é a GO-219, entre Bela Vista de Goiás e Hidrolândia. Neste caso, o levantamento aponta que, por cerca de 36 quilômetros, a via apresenta diversos problemas e que a necessidade atual é de que seja realizado serviço de manutenção imediata para garantia do uso adequado.
Projetos serão doados à Goinfra
Presidente da Federação da Agricultura de Goiás (Faeg), José Mário Schreiner diz que, em anos anteriores, fazia o relatório e repassava para a Goinfra, mas que agora foi firmada uma parceria que pemite atuação mais ágil. "A Faeg busca parceiros, fazemos o projeto e entregamos para a Goinfra executar. Isso diminui o tempo para que a execução realmente aconteça. Eliminamos a necessidade do Estado fazer esse projeto e nós doamos para a pasta apenas executar." Ele ainda comenta que o período chuvoso atrapalha a execução da obras, mas afirma que os projetos têm propostas de solução a longo prazo. "Hoje o transporte mudou muito. Os caminhões de hoje são maiores, mais pesados. Isso exige uma malha viária ainda mais resistente." Presidente da Agência Goiana de Infraestrutura (Goinfra), Pedro Sales diz que esta é a primeira vez que recebe o relatório encaminhado pela Faeg, mas que considera uma ferramenta importante. "Nós já fazemos o monitoramento e manutenção das vias, mas ter participação neste levantamento com informações repassadas por quem está usando a via também é muito importante."
Ele destaca que a parceria firmada recentemente, depois que assumiu a presidência da pasta, será importante para agilizar as intervenções. "Destas 62 listadas, 20 já estão contratadas pela Faeg para execução." Ele explica que a Goinfra tem déficit de pessoal na área de projetos. Com a parceria, os projetos chegam à pasta e, com cerca de dez dias, já podem ser encaminhados para a licitação. Antes, esse prazo poderia ser de até três meses. O presidente da Goinfra reforça que alguns destes pontos já estão passando por obras, mas outros apenas depois do fim do período chuvoso. "Muitos desses trechos já têm obras contratadas, masque só podem ser executadas na estiagem, como em trechos não pavimentados.
Imagem: Levantamento de greide (alinhamento) e cascalhamento na Go-302 -trecho de Lagoa Santa
Matéria publicada em O Popular com adaptações do Sistema Faeg/Senar para a Web