Laryssa Carvalho
Seja com seus derivados ou como a famosa bebida quente antes do esperado sono, o leite já conquistou seu espaço no paladar dos goianos. Além de conquistar os consumidores, a produção láctea vem ganhando, cada vez mais, espaço de respeito na economia nacional. Com o objetivo de debater os gargalos enfrentados pelos produtores de leite e apresentar, de maneira mais específica, o Programa Leite Saudável, que objetiva trazer melhorias para o setor, o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural em Goiás (Senar Goiás) esteve presente na reunião da Cadeia Láctea nos Estados Brasileiro, que aconteceu na Superintendência Federal da Agricultura (SFA), em Goiânia. Na ocasião, foi divulgado que dos R$ 387 milhões disponibilizados pelo governo federal ao setor, cerca de R$ 57 milhões serão destinados à assistência técnica em Goiás.
Apesar de ser considerada uma das maiores movimentadoras da economia em Goiás, a cadeia leiteira no estado tem sido alvos de problemas constantes. Informalidade, instabilidades nos preços, aumento nos custos de produção e falta de assistência técnica qualificada são alguns dos diversos gargalos enfrentados pelo produtor. Diante disso, no mês de setembro a ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Kátia Abreu, lançou o programa Leite Saudável, com foco no melhoramento da competitividade do setor lácteo, além da ascensão social de 80 mil produtores no país. Segundo Kátia, a iniciativa investirá R$ 387 milhões, até 2019, para os cinco principais estados produtores de lácteo. O programa terá sete eixos principais de atuação: assistência técnica gerencial, melhoramento genético, política agrícola, sanidade animal, qualidade do leite, marco regulatório e ampliação de mercados.
De acordo com a coordenadora geral da Secretaria de Defesa Agropecuária e Cooperativismo (SDC), do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Charli Ludtke, o programa vêm para melhorar esses gargalos, com foco na assistência técnica qualificada. “O Brasil é o 4º maior produtor de leite do mundo, com 36 bilhões de litros ao ano. Isso mostra o quanto somos capazes de investir nesse setor que só tem crescido”, expõe Ludtke.
Sobre o repasse de R$ 387 milhões pelo governo federal ao setor, Charli destaca que cerca de R$ 350 milhões serão repassados para investimentos no eixo de assistência técnica. “O programa é baseado em sete eixos principais de atuação, entretanto, entendemos que o investimento na assistência técnica é crucial, visto que muitas vezes o produtor quer melhorar sua produção, mas não sabe como”, enfatiza a coordenadora.
Representando o Senar Goiás, estiveram presentes no encontro o superintendente, Eurípedes Bassamurfo, o coordenador do programa Goiás Mais Leite, Marcos Henrique, e o gestor do Departamento Técnico, Flávio Henrique. Além deles, o presidente da Comissão de Leite da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg), Antônio da Silva, também fez questão de comparecer.
Assistência qualificada
E quando o assunto é assistência técnica de qualidade, se tem uma entidade que entende muito bem do assunto é o Senar Goiás. A entidade preencheu todos os requisitos do edital lançado pelo Mapa, para funcionar como agente atuante e fomentador do Leite Legal. Com o programa Goiás Mais Leite, por exemplo, a entidade consegue abranger de forma eficaz produtores que procuram melhorias para o setor.
No programa, serão, ao todo, 2 anos para investimento na área de assistência técnica, também considerado eixo 1 do programa, sendo 3 meses para avaliação e capacitação dos técnicos. Durante o investimento na assistência, serão incorporadas visitas, implantação, capacitação para o produtor e visitas da coordenação nacional. Além do monitoramento da propriedade. Sobre o acompanhamento da produção, o Senar Goiás se destaca com o método de monitoramento on line, que consiste na atualização de um software exclusivo, onde o técnico coloca todas as informações pertinentes durante as quatro horas de orientação.
Para o coordenador do programa Goiás Mais Leite, Marcos Henrique, o Leite Saudável vem para impulsionar à produção leiteira além de “casar” com o programa idealizado pelo Senar Goiás. “Para se ter uma ideia de como o programa Leite Saudável vem para agregar valores aos projetos já criados, é bom pensar que tanto o Goiás Mais Leite quanto o Leite Saudável vieram para complementar e crescer juntos, como em um casamento”, explica.
Para Marcos, o ponto crucial da reunião foi abrir espaço para que todos os elos produtivos da cadeia pudessem expor seus pontos de vista e discutir juntos, uma forma eficaz que solucione os gargalos debatidos. “É um momento impar por que o Mapa tem aberto portas para a discussão da assistência técnica e gerencial e ver que isso está sendo discutido em vários âmbitos e por várias entidades ligadas ao setor, não somente pelo Senar Goiás, é muito importante”, ressalta Henrique.
Gargalos
Durante a reunião, muitas reclamações giraram em torno dos investimentos na qualidade do leite e a falta de um retorno justo por parte das indústrias. Para o produtor e também diretor da Cooperativa de Leite de Silvânia (Coopersil), Jovane Batista, a maior dificuldade é produzir de forma eficaz e ter um retorno justo. “O que vejo que encontramos de maior dificuldade no setor é a ausência de condições para produzir, por exemplo, nós investimos em qualificação, investimos em termos de qualidade do leite e ainda sim não temos um retorno justo em questão dos preços. As empresas exigem uma qualidade, mas não pagam por ela e no final o consumidor paga o pato”, justifica Batista.
Apresentando soluções
Por fim, a equipe do Senar Goiás, além de participar ativamente dos debates e levar as questões da lida do produtor às entidades mediadoras, sugeriu também algo novo e que pode melhorar ainda mais o controle de doenças nos animais e aperfeiçoar a assistência técnica. A entidade quer que todas as propriedades que forem inseridas no Programa Leite Saudável e que almejem a assistência técnica, apresentem um exame garantindo que sua produção é livre de doenças. Com isso, os riscos de zoonoses, doenças que podem ser transmitidas para os seres humanos, serão menores.