Murillo Soares
“Ninguém é o detentor do saber, não é mesmo?”, indagou Ana Cristina de Almeida Abreu, educadora física, pós-graduada em Equoterapia e coordenadora da Associação Nacional de Equoterapita (Ande-Brasil). Ela - que é uma das convidadas do primeiro Seminário de Equoterapia realizado pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural em Goiás (Senar Goiás) e pela Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg) - resume o evento em uma expressão: troca de experiências. Não é um daqueles eventos que em uma pessoa fala e outras muitas só escutam, continuou ela, é um diálogo constante.
Por meio de um diagnóstico feito com a ajuda dos instrutores do programa, levantaram-se as maiores dificuldades em relação à terapia e estes tópicos específicos serão trabalhados no seminário. É o que afirma a coordenadora do projeto Equoterapia do Senar Goiás, Pollyana Ferreira. “Os encontros de hoje e amanhã são voltados para as equipes de terapeutas que atendem em nossos 28 centros em atividade, espalhados por todo o estado”, explica.
De acordo com Ana Cristina, falarão prioritariamente sobre três assuntos: autismo, paralisia cerebral e as indicações e contraindicações do tratamento. “Ainda falarei sobre o funcionamento prático e burocrático da Equoterapia”, completou. Quando fala sobre “burocrático”, a educadora física refere-se à parte teórica que tange a organização das equipes e técnicos que atuam no tratamento.
Dificuldades
E essa parte será de muita ajuda. Segundo Pollyana, uma das maiores dificuldades é a organização dos centros de Equoterapia. “Há muitas dúvidas em relação à gestão das pessoas, atividades e até mesmo captação de recursos”, contou. Além disso, há os empecilhos específicos de cada centro, já que cada um se forma de uma maneira diferente. “Muitos são mantidos através de associações, ou com os Sindicatos Rurais (SRs). Por isso, cada um tem suas particularidades”, sublinhou Pollyana.
O presidente do Sistema Faeg/Senar, José Mário Schreiner, lembrou-se das parcerias municipais. “Para muitos políticos, este programa é apenas mais um”, bradou. Ele, no entanto, ressaltou que há prefeituras que veem a importância da Equoterapia e ajudam nos mais diversos aspectos, não apenas na captação de recursos financeiros. “Muitos só enxergam que a quantidade de votos que conseguirão apoiando um programa como este é limitada. Eles se esquecem da responsabilidade social do tratamento e que, para as famílias que estão no programa, essa terapia é tudo”, disse.
Matemática positiva
O programa Equoterapia do Senar Goiás existe desde 2011. De lá para cá, de acordo com Pollyana Ferreira, tanto em relação ao número de centros quanto ao número de praticantes, a matemática só faz operações de somar. Hoje, a paraestatal tem 28 centros em atividade em Goiás e mais 17 iniciados, ou seja, que estão dando os passos para começarem os tratamentos. Um trabalho elogiado pela Associação Nacional de Equoterapia do Brasil, segundo sua coordenadora, Ana Cristina.
“Este é um programa pelo qual temos o maior carinho”, afirmou José Mário. O presidente do Sistema Faeg/Senar contou que conhece o programa desde 2003, quando começou a ser utilizado nos tratamentos do Centro de Reabilitação e Readaptação Dr Henrique Santillo (Crer). “Desde que o Sistema adotou a Equoterapia, tenho acompanhado a evolução de muitos praticantes no estado inteiro. É um programa maravilhoso, que tem uma energia muito forte; dá vontade de continuar ampliando e atendendo mais e mais pessoas”, comentou. “Não há como mensurar a importância de vocês (responsáveis pelo projeto) na vida dos praticantes”, afirmou.