A pimenta está presente nas refeições dos goianos. Entre as mais apreciadas estão Dedo de Moça, Malagueta, Cumari do Pará, Biquinho e Pimenta de Cheiro. Usada como tempero, serve para realçar o sabor e o aroma dos alimentos, enquanto algumas variedades são usadas também para ornamentação, principalmente por causa da quantidade de opções que apresentam formatos, cores e ardor diferentes. No Brasil, a tradição do consumo de pimenta é forte e há um mercado garantido. Outro fator que impulsiona a comercialização da especiaria é o número de produtos que podem ser processados como molhos, conservas, geleias e cremes.
Em Formosa, a pimenta está mudando a realidade de cerca de 150 pessoas que vivem no assentamento Dom Tomás Balduino, que fica na Fazenda Cangalha. Um grupo de mulheres participou do treinamento de cultivo e processamento de pimenta, ministrado pelo instrutor do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural em Goiás (Senar Goiás), Álvaro Pessoa. O treinamento é uma das parcerias entre Senar e Sindicato Rural de Formosa.
A produtora Laudiceia Rosa Corrêa foi uma das alunas do treinamento de cultivo e processamento de pimenta, que tem conseguido renda a partir dessa capacitação. “Nós plantamos juntos, trabalhamos juntos e vendemos juntos. Com o dinheiro da venda de nossos produtos, repomos as mercadorias e dividimos o lucro. Já sabíamos que a terra é supridora da vida, agora com o treinamento do Senar Goiás aprendemos trabalhar com as pimentas, ter uma renda e sair da condição vulnerável que estávamos”, explica.
Segundo Laudiceia, por causa do período de seca os pés de pimenta estão com baixa produtividade, mesmo assim, com as vendas conseguem uma renda extra, que faz diferença no bolso de cada família. A produtora de pimenta explica que com a chegada das chuvas, os pés de pimentas florescerem e a produção irá dobrar. A meta é conseguir pelo menos três salários mínimos por mês para cada família. “Com fé em Deus e muito trabalho, as famílias terão sustento que vem da terra”, diz.
Comercialização
Atualmente, o grupo que cultiva pimenta em Formosa comercializa os produtos em feiras livres, eventos e exposições. Os itens têm chamado tanto a atenção, que estão presentes em Goiás, Distrito Federal e São Paulo. Os produtores se preparam, inclusive, para participar de uma exposição em Unaí (MG). “Esse momento é de divulgação dos nossos produtos. Tivemos a oportunidade de apresentar as pimentas para artistas como Fátima Bernardes e a Dira Paes. Elas experimentaram e aprovaram. Estamos felizes com os resultados alcançados em tão pouco tempo. Estamos trabalhando também na organização da documentação da empresa e na aquisição de uma máquina de cartão de crédito, isso para facilitar as vendas. Nossos produtos estão tendo uma boa aceitação no mercado, já que nossas pimentas são orgânicas e de boa qualidade. Temos força de vontade, coragem para trabalhar e agora com a qualificação do Senar fica tudo mais fácil”, finaliza.
O mobilizador do Sindicato Rural de Formosa, Wesley Darllan Bastos, ressalta a importância de levar os cursos e treinamentos de qualificação para produtores da agricultura familiar. Para ele, o trabalho contribui com o desenvolvimento da economia local. “A família assentada geralmente é carente de todo tipo de recurso, por isso nosso objetivo é capacitá-la para que tenha renda e consiga se manter no campo.
Nesse sentido, o trabalho de profissionalização do Senar Goiás contribui ainda com a diminuição do êxodo rural. Quando uma pessoa deixa o campo e vai para a cidade, sem uma profissão e sem ter como se sustentar, ela acaba passando todo tipo de necessidade, até fome. O serviço de mobilização e os cursos do Senar Goiás servem como uma ponte que ajuda o produtor rural ”, esclarece.
Para o presidente do Sindicato Rural de Formosa, Ivan Ornelas, além de qualificação, os cursos e treinamentos do Senar Goiás contribuem com a geração de renda para as famílias da região. “A qualificação é extremamente importante, já que o meio rural precisa de mão de obra capacitada. Eu mesmo, já tive dificuldade para encontrar pessoas para trabalhar na minha propriedade, por falta de conhecimento técnico. Com esse serviço que a Faeg e o Senar Goiás oferecem, as pessoas conseguem, além do emprego, profissão e renda”, ressalta.
Capacitação
O treinamento de cultivo e processamento de pimenta tem duração de três dias. Na primeira parte os alunos conhecem as técnicas de cultivo da pimenta, espaçamento, adubação, controle de pragas e doenças, irrigação e formação das mudas. O instrutor do Senar Goiás, Álvaro Pessoa, explica que o cultivo da pimenta é simples, com adubação orgânica e preparação agroecológica sem necessidade de adubos químicos. Os preparados naturais, ou biofertilizantes, ajudam a controlar pragas e manter a produtividade dos pés de pimentas. Ele ressalta que existe um mercado grande para o pequeno produtor. “É uma oportunidade para todos os pequenos produtores plantarem e ter uma renda com o cultivo de pimenta. No caso de Formosa, eles têm a terra e o principal a mão de obra”, observa.
Contato do Senar Goiás para cursos: 3412-2700