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Um Estado mais frutífero

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Goiás está entre os maiores produtores de algumas culturas, como jabuticaba, pequi e melancia, mas visualiza espaço para crescer ainda mais e produzir outras frutas. Assistência técnica, como oferecida pelo Senar Goiás, contribui para ascensão dessa produção

Goiás ocupa posições de liderança no ranking nacional de produção de pelo menos sete tipos de frutas. É o principal produtor brasileiro de jabuticaba, o terceiro que mais produz pequi, o quarto em quantidade colhida de melancia, sexto na cultura de tangerina e, ainda, figura em nono lugar na produção de banana e laranja e, em décimo, na de uva, conforme mostra a Radiografia do Agro, publicada em agosto pelo Governo de Goiás, por meio da Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa). No que depender de ações voltadas para expansão da fruticultura em território goiano, a participação do Estado no volume total de frutas produzidas no Brasil tende a ser cada vez maior. Entre as iniciativas nesse sentido estão projetos de implantação de polos de fruticultura, fomento à irrigação, além de oferta de assistência técnica e de formação profissional.

“Goiás tem um potencial enorme que precisa cada vez mais ser explorado, tecnificado, capacitado, para que a gente possa ampliar essa produção de frutas”, destaca o superintendente do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural de Goiás (Senar Goiás), Dirceu Borges. Ele informa que o Senar Goiás tem buscado soluções para atender os produtores que têm interesse em continuar, iniciar ou expandir a atividade da fruticultura em território goiano. “Goiás é riquíssimo e tem a oportunidade cada vez mais de produzir frutas de variadas espécies para comercializar não somente em nosso Estado, mas também fora, inclusive internacionalmente”, pontua.

Informações da Radiografia do Agro revelam que ao menos nove variedades de frutas produzidas em Goiás já alcançam o mercado externo. São elas: uva, melancia, abacaxi, coco-da-baía, limão, goiaba, mamão, manga e abacate. Somados, esses produtos alcançaram US$ 5,334 milhões em exportações, no ano de 2020, com um total de 10,9 mil toneladas embarcadas. Na lista de compradores internacionais estão vizinhos da América do Sul, como Paraguai e Uruguai, mas também há representantes da Europa, como Países Baixos e França, e da América do Norte, com Canadá e Estados Unidos.

Sozinha, a manga foi a fruta produzida em Goiás que liderou as exportações do setor, tanto em quantidade como montante financeiro movimentado. As vendas externas do produto somaram US$ 2,998 milhões no ano passado, com 4,1 mil toneladas comercializadas. Os Países Baixos foram responsáveis pela aquisição de 99,0% do volume total embarcado. Na sequência, aparecem como principais destinos: França, Canadá, Reino Unido e Paraguai.

Já a goiaba foi a que apresentou a presença mais tímida nas vendas externas do setor, segundo o documento da Seapa. Em 2020, as exportações da variedade somaram 600 quilos e alcançaram US$ 171,00. O Paraguai foi o destino. A comercialização da fruta nas Centrais de Abastecimento de Goiás (Ceasa), no entanto, chegou a 1,7 mil toneladas ano passado, movimentando R$ 4,0 milhões, de acordo com o levantamento. Ao todo, considerando dados da safra 2019, são produzidas 3.782,0 toneladas de goiaba no Estado, que é o 12º maior produtor do País.

Iago Marcell Morais e o pai, Marcelo Dias de Morais, são alguns dos produtores de goiaba no Estado. Eles produzem a fruta numa chácara que possui ao todo cinco hectares, localizada no município de Goiânia. "A fruta foi uma das escolhas da propriedade. Por ser um espaço relativamente pequeno, dá retorno financeiro maior que milho, por exemplo, e posso diversificar mais para ter várias colheitas no ano”, informa Iago. Atualmente, ele cita que há 450 goiabeiras em produção, mas já encomendaram mais 600 mudas que pretendem plantar até o fim deste ano.

Segundo Iago, o pai começou na atividade sozinho, em 2018. O investimento inicial de cerca de R$ 7 mil para aquisição de mudas foi da sua mãe, a professora Simone Gonzaga da Silva Morais. A motivação para investir na fruticultura, segundo ele, ocorreu após a família visitar amigos no Entorno de Brasília que produzem goiaba, morango, citrus e tomate. “A chácara era para lazer e não produzia nada. Ele deu ideia para nós, disse ser uma cultura tranquila de manuseio, e abraçamos a ideia”, conta.

Iago, na época, cursava Engenharia Civil e acabou mudando para o curso de Agronomia, mas a princípio, sem a programação de trabalhar com o pai. “Foi pelo mercado de trabalho”. Porém, com o pai demandando mais ajuda no pomar, em novembro do ano passado o universitário saiu da empresa que trabalhava para se dedicar à fruticultura na propriedade da família.

Atualmente, a variedade que produzem é a tailandesa. As próximas mudas, já negociadas, serão da cortibel. “Esperamos que tenha produtividade maior e tamanho mais uniforme”. Para produção contam com o sistema de irrigação por gotejamento.

Segundo Iago, a colheita da primeira safra foi em 2019 e, como eram poucos frutos, venderam para supermercados da região. “A primeira safra que entregamos para a Ceasa foi a do começo deste ano, aproximadamente 300 caixas (com 20 quiloscada)”, conta. Com a produção, ele cita que conseguiram uma margem de lucro que estão usando para reinvestir. “Estamos numa região que não tem tanta produção e a gente tem uma grande vantagem [a proximidade da Ceasa]. Tem economia no frete, no deslocamento até o consumidor”, pontua.

Com o plantio das novas mudas adquiridas, a perspectiva, diz, é contar com mais um ciclo de produção. “Mais ou menos a cada quatro a cinco meses terá safra nova para oferecer no mercado”, projeta ele, que acrescenta: “caso tenha incentivo ou proposta interessante, posso pensar em expandir para outra Ceasa ou até exportar”. Hoje ele e o pai também tentam dar início a produção de uva de mesa, no momento, de forma experimental, em uma área de aproximadamente três mil metros quadrados. Se der certo, ele diz que a expectativa é variar para conseguirem ter renda mais constante com a fruticultura.

Apoio

Desde 2019, Iago e o pai, Marcelo, contam com a assistência técnica e gerencial do Senar Goiás. “É uma ajuda muito bem-vinda. A assistência do Senar é completa. Tentam ajudar o produtor desde o cultivo até gerenciar financeiramente. Ele te mostra o que gastou, o que vendeu e vê se sua lavoura está sendo rentável”, exemplifica.

O superintendente do Senar, Dirceu Borges, ressalta que a assistência técnica e gerencial (ATeG) ofertada pelo sistema “é um grande diferencial”. “O produtor recebe visitas mensais desse técnico orientando a forma correta de produzir, o manejo correto de conduzir o seu pomar, suas frutas, a hora correta de colher, comercializar, e claro, principalmente, orientações na parte de gestão, onde vai ajudar esse produtor ter seu custo de produção, ter a gestão da sua propriedade na ponta da caneta”, salienta.

Além da ATeG, Dirceu destaca que, na área de fruticultura, o Senar tem trabalhado, também, na formação profissional rural, incluindo a oferta de cursos à distância.“Aquele que queira hoje fazer um curso de fruticultura, seja de produção de banana, abacaxi, uva, maracujá, ou mesmo de pomar caseiro, vai encontrar essas opções no portfólio do Senar”, considera o superintendente, que ressalta que todos os cursos do Senar são gratuitos. “Quem tiver interesse basta preencher os requisitos mínimos, que são ser maior de 18 anos, ser produtor, trabalhador rural, ou alguém que queira ingressar na profissão, e procurar o sindicato rural do seu município para fazer a inscrição, ou por meio do nosso site”, explica.

Ele ressalta,ainda, que o Senar Goiás iniciou uma turma de fruticultura para técnicos em agronegócio. “Sempre tivemos o técnico em agronegócio, agora criamos um voltado simplesmente para fruticultura para que a gente possa capacitar e ter técnicos preparados”, cita. O curso, com carga horária total de 1.350 horas, sendo 70% em EAD e 30% presencialmente, tem o município de Anápolis como polo em Goiás.

Destaques “made in Goiás”

Posição em ranking nacional Fruta quantidade produzida (em t)

jabuticaba 1.714,0

pequi 2.338

melancia 254.215

tangerina 24.518

banana 205.503

laranja 138.328

10º uva 1.411

11º abacaxi 41.026

12º goiaba 3.782

15º manga 1.208

15º limão 3.525

15º abacate 340

16º coco-da-baía 5.347

16º maracujá 5.715

18º mamão 1.950

Fonte: Radiografia do Agro/Seapa – Governo de Goiás

Impactos positivos

O programa de Assistência Técnica e Gerencial do Senar Goiás voltado para a cadeia de fruticultura começou a ser ofertado no Estado no segundo semestre de 2017. “Antes já existia para outras cadeias”, informa a supervisora da Cadeia de Fruticultura do programa Senar Mais de Assistência Técnica e Gerencial, a doutora em produção vegetal Ana Paula Marquez Belo.

A formalização de grupos de produtores que serão assistidos pelo programa ocorre via sindicatos rurais, segundo Ana Paula. Para o grupo funcionar tem que ter em torno de 25 a 30 produtores. A assistência, que é gratuita, é executada durante 24 meses.

Atualmente, a supervisora informa que, só na cadeia de fruticultura, o programa já está presente em dez municípios goianos. E, de acordo com Ana Paula, já possuem “inúmeros casos de sucesso”. Isso porque, segundo ela, a fruticultura no Estado “ainda é um pouco amadora”. “Ou seja, os técnicos de campo chegam nas propriedades e percebem que o produtor não tem um manejo de adubação, nunca fez uma análise de solo da sua área, não faz manejo de poda”, exemplifica.

Ela ressalta que via ATeG fazem o diagnóstico da propriedade e conseguem passar uma orientação baseada na realidade e característica de cada local assistido. “O técnico não passa nada que o produtor não esteja em comum acordo e que o produtor não consiga executar”.

Marina Sauter Sobral, que junto com a mãe Renata Sauter Sobral comanda produção de figo, abacate e pêssego na Fazenda Tamboril, em Gameleira de Goiás, é uma das produtoras atendidas pela ATeG do Senar que já sentem o impacto do programa. “A gente não tinha um controle rigoroso da quantidade (produzida), porque ia fazendo doce [no caso do pêssego e figo], vendendo picado. Nesse ano, a gente começou a anotar e contabilizar o que está sendo produzido”, explica. No início de 2021, ela afirma que comercializaram, aproximadamente, umas 30 caixas de abacate. “Isso porque a gente não tinha um manejo correto. Agora, com assistência do Senar, a gente pretende melhorar nossa produção, profissionalizar, ter um manejo correto na época certa.”

A Assistência Técnica e Gerencial do Senar começou a ser ofertada na propriedade de Marina no começo deste ano. “E já tem uma diferença visível. Nosso abacate inclusive já está em flor, foi feito um adubo foliar a tempo, um controle de praga, a poda foi supervisionada. Acho que o resultado da produção ainda vai vir, mas a gente já vê a nossa propriedade, nossa produção, por exemplo, minimizando custos, agindo na hora correta”, considera. Marina, que é aluna do curso Técnico em Fruticultura do Senar, acrescenta ainda que tem a expectativa de, com a assistência técnica, aumentar a produção de frutas e melhorar a renda.

Linha de financiamento

Produtores interessados em investir na fruticultura podem contar com linhas de financiamento do Fundo de Financiamento do Centro-Oeste, via FCO Verde. O secretário de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tiago Mendonça, explica que o FCO Verde é uma linha de crédito voltada mais para sustentabilidade, produção de árvores e a fruticultura entra nesse contexto. Os projetos podem ser enviados com valores hoje até R$ 1,5 milhão. O prazo de carência chega a até quatro anos. “E isso repercute na sustentabilidade econômica da atividade, porque fruticultura geralmente tem um prazo mais elevado para poder produzir”, diz. Segundo ele, essa linha do FCO Verde para fruticultura está sendo operada desde o início deste ano, com o intuito de incentivar a atividade no Estado de Goiás.

Polo de fruticultura

O Estado começou a desenvolver nos municípios que compõem a Região Integrada de Desenvolvimento (Ride), a Rota da Fruticultura Ride-DF. A iniciativa integra as Rotas de Integração Nacional, uma estratégia do Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR) que objetiva promover a inovação, incentivar as cadeias produtivas e o crescimento econômico.

Presidente do Sistema Faeg Senar e Ifag, o deputado federal Zé Mário Schreiner destaca que a iniciativa do governo federal, por meio do MDR, da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), do Ministério da Agricultura e todas as suas subsidiárias, está sendo discutida no âmbito da Ride, que abrange Goiás e três municípios em Minas Gerais. “E nós estamos ali, buscando a iniciativa de podermos orientar, no sentido de fortalecer a fruticultura”. Os cursos de formação profissional rural e a assistência técnica voltados para fruticultura são exemplos dos serviços da entidade para fomentar o setor.

Zé Mário avalia como importante a implantação desse polo de fruticultura nos municípios da Ride. “Com isso nós criamos uma alternativa excepcional de renda, qualidade de vida e desenvolvimento social para essas pessoas”, acrescenta. Ele informa que já foram feitas várias rodadas de conversações, de reuniões, congressos. “Técnicos já foram também a Petrolina, em Juazeiro, no São Francisco. As mesmas pessoas que implantaram o polo [de fruticultura] lá estão ajudando na implantação desse polo [na Ride] e eu não tenho dúvida que será uma alternativa muito grande de renda para esses produtores rurais”, destaca.

Na região do Vão do Paranã, em Goiás, também há trabalho iniciado para implantação de um polo de fruticultura irrigada, segundo o titular da Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), Tiago Mendonça. Ele informa que a iniciativa visa fomentar a atividade em assentamentos existentes na região, que possui o menor Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) do Estado de Goiás. Segundo o secretário, estão em execução dois Estudos de Viabilidade Técnica, Econômica e Ambiental (EVTEA), um no assentamento Bom Sucesso/Santa Cruz, em Flores de Goiás, e outro no assentamento Santa Maria, em São João D’Aliança.

Além disso, afirma que a Seapa tem buscado recursos para fomentar o desenvolvimento da fruticultura irrigada no Estado, com instituições como Codevasfe Superintendência de Desenvolvimento do Centro-Oeste (Sudeco), e com o setor privado, somando forças para englobar todas as etapas do processo produtivo da fruta.

Logística é diferencial

Na avaliação do superintendente do Senar Goiás, Dirceu Borges, um grande diferencial goiano é a logística. “A nossa Ceasa é uma das maiores e Goiás está perto de grandes mercados como Brasília, e no centro do País”, cita. Segundo ele, essa localização facilita o escoamento da produção de frutas para os demais Estados. “Então, com assistência técnica, capacitação, com pesquisa, por meio de instituições como a Embrapa, podemos buscar a ampliação de outras culturas, de outras frutas aqui no Estado, e até mesmo ampliar as que já existem também”.

Dados da Ceasa-GO mostram que entre as 12 frutas que integram lista dos principais produtos ofertados na Central, em 2020, banana, laranja, melancia, tangerina, abacaxi, limão, tinham como principal origem Goiás. Porém, todos os melões e maçãs eram de outros Estados. No caso de manga, menos de 5% do volume eram de Goiás. Na oferta de abacate e mamão a participação goiana foi em torno de 16%, e na de pequi, 32,56%.

Especial Revista Campo

Fotos: divulgação

Comunicação Sistema Faeg/Senar/Ifag


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