Receitas tradicionais de família se tornam ingredientes para um negócio em expansão. Duas delas foram reconhecidas e premiadas no Festival de receitas do campo promovido pelo Senar Goiás
No interior de Goiás Ilza de Carvalho cresceu em quinta cheios de frutas, principalmente na casa da avó Maria Rita Benedita. E de lá vinham os ingredientes para saborosos doces. "O doce é um legado que eu herdei da minha avó, que também passou para minha mãe, Maria José, que continuou fazendo doces. São várias qualidades, a gente sempre aproveitou tudo que tem na fazenda, seja manga ou banana. Cada época aproveita a safra. E temos o preparo, a gente já tem os pontos, tem aquela coisa de avó mesmo. Eu sou muito de preservar a cultura nossa", explica a doceira.
Iza percebeu que as receitas tradicionais da família poderiam ser uma fonte de renda. Foi quando procurou a Associação dos Produtores Rurais da região e ofereceu a casa dela, em São Miguel do Passa Quatro, a 88 quilômetros de Goiânia, para ser sede do curso de Produção Artesanal de Doces, oferecido pelo Senar Goiás. Foi o primeiro passo para se profissionalizar e incentivar o mesmo para outras pessoas da região. "A gente fez um curso aqui, na minha casa mesmo. Recebemos a instrutora do Senar e depois disso veio a técnica da entidade auxiliar nas informações do dia a dia, como vender, a valorização", diz.
A relação da família com o Senar Goiás é bem próxima, tanto que o filho de Ilza, Jalles Sousa, é técnico de campo na área de Bovinocultura de Leite. Na empreitada do empreendedorismo, a então produtora rural chamou a filha lesa de Carvalho para ajudar na produção de doces. "Nosso carro chefe é a cocada. Eu comprei uma vaca boa de leite só para usar o produto nesse doce que é feito também com coco fresco e no fogão a lenha. E feito da mesma maneira que minha mãe e minha vó faziam e com algumas técnicas que aprendi com o curso do Senar", informa.
Por enquanto, o negócio vem como uma renda extra. São vários quilos produzidos semanalmente de acordo com a demanda. O desafio agora é aumentar a produção e conquistar mais clientes. Para isso ela conta com a Assistência Técnica e Gerencial (ATeG) do Senar Goiás, voltada para a Agroindústria. "Esse acompanhamento é de graça e está disponível para os produtores que trabalham com diversos tipos de alimentos artesanais e vem para ajudar na parte financeira para evitar perdas na produção. Fazemos também análise de mercado. Ainda trabalhamos as boas práticas de fabricação, manipulação, desenvolvimento de produto, além das partes gerencial e rentabilidade do negócio", informa a técnica de campo, Keller Machado.
No caso da família da Ilza, o Senar está auxiliando para que ela possa transformar o talento com os doces em um negócio próspero. "Tem muitos produtores que querem ter algo que é feito, às vezes, como complemento de renda ou como a renda principal. Porém, eles não têm o conhecimento técnico e não sabem gerenciar este negócio. Então, a gente ajuda em todas as etapas para que o produtor saiba quanto gasta para produzir, o lucro que vai ter e ter uma produção de acordo com as normas sanitárias, facilitando a venda até fora do município", enfatiza a técnica de campo.
No fim do ano de 2024, foi realizado o Festival de receitas do Campo do Senar Goiás, em São Miguel do Passa Quatro. Os doces produzidos pela família tiveram reconhecimento especial, que atesta a qualidade e o sabor tradicional dos produtos feitos na fazenda. A cocada preparada pela leza, filha da Ilza, ganhou o primeiro lugar na categoria Sobremesa Rural.
"Foi maravilhoso ganhar o festival junto com minha mãe. É a prova do sucesso e que a sucessão familiar com os doces tem tudo para dar certo", destaca.
Ilza ganhou o segundo lugar com um doce de mamão. "O Marquim, que é o mobilizador do nosso município, nos convidou. Eu já tinha participado em outra época, mas não tinha sido premiada. Dessa vez o prémio veio para casa em dose dupla. Fiquei muito feliz com o reconhecimento. Ganhar no meio de tanta gente que preparou outras receitas saborosas foi maravilhoso", comemora Ilza.
Ela se sente motivada com os resultados que vem tendo e quer manter a sucessão familiar. A ideia é montar na fazenda uma agroindústria e expandir o negócio com o apoio do Senar. "Estamos trabalhando pela certificação, de acordo com a legislação, desenvolvimento de rótulo e adequando a parte física. Futuramente quero vender não só em São Miguel, mas para o país todo. Quero que o 'Geração', nome que escolhi para meus doces, possa levar sabor a vida de muitas outras famílias", celebra.
Comunicação Sistema Faeg/Senar/Ifag